Pesquisas afirmam que suspender alunos por mau comportamento pode não funcionar

Este tipo de prática se mostra ineficaz para resolver problemas de comportamento. Estudos apontam que é necessária uma reforma no padrão tradicional das suspensões.

Publicado em 02/08/2023 por Rodrigo Duarte.

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A prática comum para disciplinar, a suspensão, é uma das atitudes mais controversas que são utilizadas pelas escolas. Este ato consiste em punir o aluno através de um afastamento temporário do ambiente escolar, gerando assim diversas controvérsias por retirar os mesmos de um ambiente de aprendizagem como um tipo de resposta para problemas que poderão ser relacionados ao próprio processo existente de aprendizado.

Pesquisas afirmam que suspender alunos por mau comportamento pode não funcionar

O que os estudos falam sobre esta situação?

Os estudos realizados pelo Rochester Institute of Technology, isto indica que as suspensões acabam não diminuindo problemas de comportamentos dos alunos. A partir desta pesquisa, estudantes de ensino fundamental e médio que forem suspensos ao menos uma vez contam com uma maior possibilidade de receber novas suspensões.

A suspensão por suspensão, em um simples ato de tirar o aluno de sala sem nenhum tipo de ação complementar, não possui qualquer tipo de benefício. É algo que não é produtivo para a criança e nem mesmo assertivo, nem mesmo traz qualquer tipo de mudança significativa.

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Muitas escolas nos Estados Unidos por exemplo, aboliu as suspensões e a medida se torna uma grande mudança no cenário educacional do país, onde pelo menos 3,5 milhões de alunos são suspensos por ano.

Quando surgiu a iniciativa de mudar esta realidade?

As análises realizadas nas pesquisas apontam que as alterações aconteceram através de um projeto chamado repensar a disciplina, que está disponível desde 2014. Através dele, foi apontado que no lugar da punição, as escolas passam a adotar um tipo de abordagem holística para lidar com diversas causas por trás do comportamento, analisando desta forma os aspectos emocionais, sociais, pessoais e também de saúde de cada um dos estudantes que apresentarem problemas comportamentais.

O método de suspensão é algo agressivo

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As análises publicadas através do Instituto Nacional de Criminologia da Austrália apontam que a suspensão acaba não trazendo mudanças para problemas de comportamento dos alunos e recomenda inclusive uma reforma do padrão convencional de suspensões.

São muitas as evidências que sugerem que a suspensão escolar não é um tipo de abordagem suficiente e eficiente para a redução dos problemas de comportamento dos alunos, isto em concordância aos diversos estudos que mostram que a punição acaba não funcionando.

A grande diferença do sistema que é adotado é eliminar de uma forma de punição padronizada, que remove o aluno do ambiente escolar, e o privar de um tempo de aprendizagem, substituindo isto por soluções individuais para cada situação, conforme as especificidades que geram o comportamento de forma inadequada.

Este processo de investigação das raízes do problema de comportamento é algo muito meticuloso e exige uma grande colaboração entre membros de comunidades escolares, o investimento de recursos humanos e financeiros, além de um grande envolvimento dos pais.

Os alunos que passam por situações de problemas emocionais certamente terão um tipo de comportamento inadequado. Além disto, a própria neurociência acaba explicando que temos exames e estudos que comprovam isto, mas a escola poderá ignorar todos os fatores que são muito relevantes, e ainda acha que o aluno é um ser quando está em casa e outro na instituição de ensino.

Resultados práticos da aplicação do sistema

Este novo sistema trouxe como um resultado a diminuição de forma constante dos casos de alunos com problemas de comportamento. A melhoria não se limita somente a esfera escolar, e por isso existem programas de prevenção e intervenção, como engajamento cívico e de formação profissional para os adolescentes com comportamento de risco.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.